Sweet & Bitter

Carreguei na mão, durante a viagem, um rolo de cobre de 15 metros de comprimento por 40 centímetros de largura, tendo nas duas beiradas lâminas de serra. Chegando em Lietzen, fiz uma dobra, transformando a placa em uma calha, e enterrei-a na terra, enchendo-a de mel. Sweet and bitter. O mel é um símbolo judaico, alimento consumido durante as comemorações do Ano-Novo. Mergulha-se a maçã no mel no jantar da véspera, reza-se desejando um ano novo doce. Sweet.

O bitter está no fato de não existir, na vida, o doce sem o amargo. As abelhas da região, atraídas pelo cheiro do mel, vinham em grande número. Muitas se afundavam no mel e não conseguiam mais voar. Morriam. Uma artista jovem, com uma fala agressiva, chegou para mim e perguntou o que eu iria fazer com todas aquelas abelhas que estavam morrendo. E completou sua fala dizendo que eu estava interferindo no ecossistema do lugar. Fiquei tão enlouquecida com a observação que respondi:

“E com os seis milhões de judeus assassinados pelos alemães, o ecossistema foi modificado?”

Meu ato seguinte foi a destruição da calha. Essa ação coincidiu com a inauguração da mostra. E o mel entrou na terra alemã.

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